O Dia das Mães e o Comércio
Neste ano de 2025, o Dia das Mães será comemorado no domingo, dia 11 de Maio. Frente às crescentes afirmativas de que esse acontecimento vem se tornando apenas um bom motivo para o aumento de vendas em lojas físicas e virtuais, e que já lhe resta pouco ou nenhum aspecto afetivo, a observação atenta e pessoal revelou-se uma boa ferramenta de pesquisa.
A partir da quarta-feira, anterior à data comemorativa, percorri variadas “lojas de rua” e “lojas de shopping”. O principal objetivo não era a constatação do óbvio e já esperado aumento do número de consumidores naqueles espaços e nessa ocasião, mas a forma como as compras de presentes para as mães era realizada. A afetividade teria mesmo desaparecido?
As lojas com maior movimento vendiam roupas, bolsas, e acessórios. Facilmente se ouvia clientes pedindo que a vendedora reservasse alguma peça de vestuário, “por apenas uma hora”, enquanto iriam rever algo, que também chamara a sua atenção, em outra loja concorrente. Essas pessoas buscavam definir o que melhor assentaria nas mães que desejavam presentear. Elas evidenciavam bem mais do que a necessidade de comprar qualquer coisa, apenas para honrar o compromisso de entregar algum presente às mães, no seu dia especial. Havia também uma palpável dose de amor no empenho da motivada clientela.
Nas joalherias, percebia-se claramente que o número de atendentes superava, em alguns momentos, a quantidade de possíveis compradores. Os desejáveis clientes reclamavam dos preços altos atribuídos às peças que lhes agradava, e que eles gostariam de poder adquirir. Nessas oportunidades, gentilmente e com muita rapidez, os vendedores lembravam aos clientes que “o parcelamento dos valores estava disponível, com os juros do cartão…”
Na maioria das tentativas observadas, o quase comprador deixou a joalheria com as mãos vazias, dizendo que iria “pensar melhor e, talvez, voltasse amanhã”. Contudo, aparentava saber que aquele gasto não caberia em seu orçamento; não solicitava a reserva da peça analisada. Também desta observação, emergia a provável intenção do comprador de adquirir uma joia para a “sua joia”, para alguém que merecia o melhor presente que pudesse comprar. O carinho, indubitavelmente, embalava a pesquisa efetuada. Também neste caso, não se caracterizava uma enfadonha obrigação de comprar algo, para garantir a entrega de um qualquer presente na data estabelecida.
Nas lojas de utensílios para casa não encontrei elevado quantitativo de clientes. Panelas, frigideiras, bibelôs, potes, jarros, e muitos outros objetos em oferta, permaneciam desprezados em seus lugares habituais, nas estantes repletas deles. Até mesmo as filas, para efetuar pagamentos nos caixas, não reuniam mais do que duas ou três pessoas que, aparentemente, faziam compras rotineiras de um ou de outro objeto. Não se ouvia, ali, qualquer referência às mães, ou ao dia que lhes é dedicado. Talvez se aja concluído que os presentes para as mães não devem ser, preferencialmente, presentes para as residências delas.
Nas sapatarias, foi possível encontrar até mesmo duas irmãs que precisavam chegar a um acordo para a aquisição de um único par de sapatos que dariam, juntas, à sua mãe. Elas dividiriam o valor do gasto significativo. Foi bem fácil verificar que o preço era alto para um calçado; porém, as irmãs diziam que a conhecida marca iria garantir um conforto extra e adequado, que a mãe delas precisava e merecia.
Até a opinião de terceiros foi solicitada e ajudou no desempate entre os dois modelos de calçados selecionados pelas irmãs. Finalmente, a dupla se retirou, levando o presente tão cuidadosamente escolhido; o presente embrulhado também com interesse e afeto. Aquela não foi mesmo uma compra por impulso, ou por imposição fria da festiva data que se aproxima.
Na quinta e na sexta-feira, o movimento anteriormente verificado, nas mesma e em outras lojas, cresceu intensamente. Mesmo nas calçadas, em frente às casas comerciais, havia muita gente circulando, levando os presentes já comprados, ou ainda à procura deles. Facilmente, se podia concluir que o sábado teria as lojas lotadas por consumidores retardatários.
Mas, foi ainda na quinta-feira, anterior ao Dia das Mães, que participei de um evento que homenageou, em particular, as Mães Idosas, e parabenizou Todas as Outras Mães, muito carinhosamente. Neste acontecimento, o presente que as Mães levaram consigo, no encerramento da festa, foi uma poesia, amarrada com um laço de fita cor-de-rosa. Cumpre ressaltar que o agradecimento delas, seus abraços efusivos, e sorrisos enternecidos, revelaram que, talvez, nem seja preciso usar um cartão de crédito para bem presentear e agradar às Mães. O amor, expresso em gestos verdadeiros, e lapidado pela sensibilidade afetuosa, bem enlaçada por fitas rosadas, pode ser uma excelente oferta. Pode vir a ser o presente que toca lindamente o coração materno.
Mas, é importante frisar que os demais presentes, os esperados presentes concretos, não se tornaram dispensáveis, não!!! Eles podem e devem somar ao tão importante momento. Somar não é substituir! E, dentro de qualquer possibilidade financeira, sempre cabe um regalo. Desde o presente de milhões, até a uma florzinha colhida no jardim, toda lembrança, quando plena de amor, enternece e faz sorrir o coração materno.
Feliz Dia das Mães, a todas as mães deste nosso mundo! A afetividade permanece viva, linda e forte, talvez porque ela tenha origem no infinito amor materno.
Feliz Dia das Mães!!!