Araruama Literária

Apresentando também uma bela homenagem ao genial escritor Ziraldo, a “Araruama Literária” teve a sua abertura coroada por um magnífico dia, de exuberante céu azul. O calor intenso tornou-se apenas um detalhe incapaz de ofuscar a alegria da festa.

As Escolas locais marcaram presença com os seus alunos, de diferentes idades, motivados a desfrutar de tudo quanto o evento se dispunha a oferecer.

Os visitantes pequeninos ficavam maravilhados tão logo chegavam à Praça Antônio Raposo e se deparavam com a belíssima carruagem da Cinderela, ladeada pela própria personagem-título dessa conhecida história infantil.

Depois, a criançada ia somando novos ganhos a cada pequeno espaço percorrido. Havia muitos livros disponíveis para folhear, colorir, ou até adquirir. Era também possível pintar o seu próprio quadro, e levar consigo a obra de arte produzida. A contação de histórias acontecia a pequenos intervalos para bem atender ao seu público interessado.

Crianças e adultos puderam encontrar o busto inaugurado, que homenageia o inesquecível Ziraldo, no espaço onde o “Menino Maluquinho” se fazia presente e aceitava gentilmente as muitas solicitações para tirar fotos com os visitantes.

Mais adiante, via-se o carro muito especial que fazia a imaginação voar para os detalhes do filme “De volta para o futuro”. A atração esteve sempre muito prestigiada por crianças e adultos, que expressavam os seus interesses distintos. Ao lado do carro, os personagens da trama permaneciam devidamente caracterizados; davam informações e posavam para fotos, ao lado dos visitantes.

Os livros, importantes personagens de toda Feira Literária, marcavam presença. De todos os tipos e formatos, abordando os mais diversos temas, eles eram oferecidos com enorme fartura. Podiam ser manuseados sem compromisso, comentados com os seus autores que estivessem presentes ao evento, ou simplesmente eram adquiridos nos espaços destinados à venda de tão importante produto.

A programação seguia o seu curso, alternando as atrações. Às 18 horas, iniciou-se a palestra com o Doutor Drauzio Varella. Havia um numeroso público bem acomodado no amplo espaço reservado a este feito.

Sabidamente, para se fazer bom proveito de uma palestra ministrada por Drauzio Varella, é preciso disponibilizar bem mais do que tempo e cuidadosa atenção.

O médico experiente, que é também um cidadão de muitas vivências, e escritor conceituado, abordou questões relativas à preservação da saúde humana; falou sobre nuances da vida, e fez uma análise peculiar a respeito dos muitos recursos tecnológicos trazidos pela modernidade à nossa rotina.

O Doutor escolheu tratar com um humor, não tão explícito, as suas experiências com o uso de beeper, fax, e-mail e celular. Classificou esses recursos como sendo “obras do demônio para infernizar a vida humana”.

Nas entrelinhas, ouvidos atentos puderam escutar o Drauzio falando também de amor, sem mencionar esta palavra sequer uma única vez. A força e o valor de tão nobre sentimento fez-se clara quando o palestrante mencionou o pequeno órfão que ele foi um dia, e que jamais sentiu o peso que pode ter a orfandade. Para aquele garotinho que perdeu a mãe muito cedo, tal vivência foi certamente suavizada pelo amor, traduzido em proteção familiar, que o envolveu com perfeita intensidade.

Seguramente, a por ele mencionada rotina de “jogar bola na rua” não foi tudo que este hoje homem culto, médico renomado, e autor conceituado, fez ao longo da sua infância e juventude que tão bem alicerçaram o sólido presente que o caracteriza. Muita leitura e valioso estudo devem ter pontuado o seu caminho.

Após enfatizar o grande valor das relações humanas, da proximidade e convivência harmoniosa que anulam os possíveis danos causados pela solidão, o Doutor Drauzio Varella encaminhou o encerramento da sua palestra, ressaltando a importância de se evitar o nocivo sedentarismo. Ele concluiu afirmando que já ficaria realizado se todos concordassem que “Não dá para passar o dia inteiro sentado.”

Com a palestra encerrada, os aplausos que perduravam levaram Drauzio Varella a repetir algumas vezes a mesma palavra, antes de se retirar: obrigado!

Angela Oliveira

Jornalista, autora desta matéria.

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